Carapuça

Sabe aqueles dias em que questionamos tudo o que vemos pela frente? Quando temos crises existenciais e não aceitamos o mundo como ele é? Pois bem, hoje é sexta-feira e eu, como faço, infelizmente, todos os dias, saí para trabalhar. Chuva chata, metrô cheio e… Lento. Eu sempre espero o trem vazio para poder viajar menos apertado. Como o metrô estava com a sua “velocidade reduzida”, a plataforma se encheu mais do que de costume e, por obra do acaso, uma senhora caiu na minha frente na hora em que chegou o trem vazio. É porque um senhor, que estava impaciente com a demora da velha senhora, sutilmente a empurrou, e esta caiu… Na minha frente! Justo na minha frente! Quase que eu não consigo entrar no trem vazio! Ainda bem que consegui pular, habilmente, a senhora e entrar, mas não fiquei sentado.

O bom de ficar em pé no metrô é aproveitar o mínimo ar que vem das estreitas frestas do teto, dessa forma, chego menos suado ao serviço. Também podemos melhor observar as discussões. Havia uma mulher supostamente grávida (como estava cheio o vagão, Não enxergava a sua barriga) discutindo com outra moça, distinta, que estava sentada no banco reservado para gestantes, idosos e deficientes físicos. Alegação: um problema crônico no joelho direito. Mas sabe como são as mulheres não é? Impressionante a união delas… Principalmente quando se fala em gravidez. Não é que juntaram umas quatro ou cinco e arrancaram a mulher do assento reservado. A grávida finalmente sentou. E ficou provado que a moça, que alegava problemas no joelho, realmente não estava mentindo, pois mal conseguia ficar em pé. Pena que eu não pude ver o final da briga. Na verdade pena não, pois tive a sorte de liberarem um lugar na minha frente. Pude seguir a viagem sem maiores problemas.

A chuva aumentou, mas eu não pude percorrer o curto caminho do metrô até meu serviço pelo cobertinho das lojas, porque estava inundado de mendigos se escondendo. Conclusão: Cheguei molhado. Muito molhado. Mas eu estava alegre, nada iria me abalar.

O serviço passou rápido. Tiro curto. Nada de cliente chorando porque roubaram seu cartão, ou porque fizeram compras indevidas. Nada de choramingueiras hoje, até porque, quando ligava cliente muito chorão, a ligação “caía acidentalmente”. Na hora de voltar para minha casa, foi tudo as mil maravilhas. Nenhuma confusão, discussão, quebra-quebra, enfim… O chato é que a viagem fica monótona. Mas tudo bem. Nada que um panfleto de supermercado não me distraísse. Ainda deu tempo de assistir ao VT do jogo de ontem. O horário do jogo iria acabar bem na hora de ir para a faculdade… Se não fosse o plantão de notícias mostrando um bendito assalto a uma agência bancária com reféns. Meu, para que tem Jornal Nacional?!? “As notícias do mundo” a gente fica sabendo lá e não no meio do jogo! Enfim, saí um pouco atrasado de casa, mas consegui chegar a tempo na faculdade. O professor atrasou.

Ao chegar em casa, jantei e assisti ao telejornal para saber o resultado do jogo (que por sinal não foi noticiado pelo fato de ter sido VT) e vi que, naquele assalto, infelizmente morreram os bandidos e um dos reféns. Sabe aqueles dias em que questionamos tudo o que vemos pela frente? Quando temos crises existências e não aceitamos o mundo como ele é?  Complicado isso, como ocorrem coisas conturbadas no nosso dia-a-dia, não? Em plena sexta feira, quase que eu não pego o metrô vazio, tomei chuva, não vi o jogo terminar, cheguei atrasado na faculdade… Como o mundo é…

Autor: Thiago Petrin França

Etiquetado , , , ,

Deixe um comentário